domingo, 12 de julho de 2009

Ontem eu vi na rua alguém igualzinho a você, e então eu sorri. Sinceramente, eu havia me esquecido de que um dia você com toda a sua aspereza iluminou algumas dezenas de dias da minha vida. Verdade, quase que por um segundo eu revivi toda a nossa história tão bonita e tão tóxica, e nas minhas vãs lembranças, a tua indiferença não superou a tua doçura; e então eu vi nitidamente os teus olhinhos agudos de quando você sorria, e as covinhas do teu sorriso. E te vi na minha sala, concentrado em coisa qualquer na televisão, e depois dirigindo e ignorando todo o mundo a sua volta. Nesse momento, eu senti saudade, e uma vontade enorme de te ter de volta, de te esperar pra que no fim eu pudesse ser a única, pra que eu pudesse ser a tua, somente tua e de mais ninguém.
Mas as circunstâncias me atropelaram e eu narcisicamente escolhi te perder, e assumi os riscos, e depois de alguns dias de tristeza e de muita falta, eu te esqueci. E esqueci inclusive de lembrar de você, até mesmo nos seus momentos bonitos, e assim você foi se desfalecendo nas minhas memórias sem que eu pudesse perceber, até que ontem eu te vi no corpo do homem na rua. Aquele homem estranho que passava e que me mostrava muito de você. E embora não tenha dado certo, durante 180 dias eu fui tua, durante 180 dias você me possuiu sem a minha permissão, você me descobriu e me abriu a sua vida pra que eu cultivasse o meu amor. E o que são 180 dias dentro da imensidão de uma vida inteira? São 4320 horas em que meu pensamento se direcionou a você, são 4320 horas em que eu esperei ansiosamente a sua chegada, deixando a porta da minha casa aberta pra que você entrasse logo e matasse a saudade que me matava. Foram dias de saudade, e momentos outros em que eu desejei que você fosse embora e não voltasse mais, que você me concebesse de outra forma, que você deixasse transbordar tudo isso que você sentia. Mas agora já faz tanto tempo.. E eu sinceramente já não tenho mais forças pra te receber de volta; mesmo que eu quisesse, mesmo que você pedisse. Eu até aceitaria a tua mão e o teu abraço aconchegante, desde que eu me livrasse dessa memória aguda que me invade sempre que uma silhueta anônima me lembra que um dia, que durante 180 dias, a minha vida cruzou na tua.

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