segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ainda lembro de como você ficava lindo com aquela camisa branca; e até hoje ao chegar em casa procuro o teu carro em frente ao meu portão.
Já faz uns cinco meses e eu ainda não admiti a sua partida. E é como se eu precisasse continuar vivendo com o teu fantasma ao me lado.
Eu teria te amado tanto, se você permitisse; e teria me feito muito feliz saber que embora mal-amada; era a mim que você tinha. No entanto, entre os nossos tantos entretantos; você foi e eu fiz questão de permanecer aqui; esperando você aparecer todo lindo de novo com a sua camisa branca, rabiscando os papéis, colorindo a minha casa toda de saudade, extirpando de mim cada pedacinho de amor que eu poderia sentir.
Já faz tempo, eu sei; mas toda vez que eu chego em casa eu procuro o teu carro, e quero correr pros teus braços pra ouvir o tumulto que o teu silêncio faz em mim.E ainda espero você me ligar de novo, e fico procurando a tua casa por essas ruas que eu passo todo dia; eu preciso respirar a tua presença amor.
Não demora eu esbarro com você de novo por aí, e tento pensar em trivialidades para lhe falar, meu grande amor. "Tá sumido,hein!"; "Quanto tempo!"; "E o trabalho?". Euquerodizerqueteamo; e que estou me rasgando inteira de saudade, e repetir compulsivamente todos os clichês do mundo até você entender que eu preciso de você, minha vida.
Ontem eu fiquei pensando na volubilidade de tudo isso que nos atingiu antes de você perceber que nós dois havíamos nos tornado nósdois. Havíamos, e havíamos o que nunca houve; e como nunca houvera outrora. O que é que há em você que não me deixa sair daqui, meu pequeno? Me diz como proceder sem a tua rigidez inflexível; sem a tua frieza mordaz? Não há lugar sem você.
Debaixo do teu braço, entre as tuas pernas,teuórgãonomeu, debaixo das nossas cobertas, muito logne do teu coração?
E como é que eu pude ir tão longe sem você?!

domingo, 25 de outubro de 2009

E foi entre martinis e cigarros de menta que eu tentei não me dar conta do mal que você meu causou. Foi tentando não te ver que mais uma vez eu te achei; foi tentando ser eu que eu fui você.
e eu sabia que uma infinidade de coisas separariam você de mim, não que eu não quisesse, mas sim pelo fato de você ser muito seu para que pudesse ser meu. E de repente te encontrar assim, sem aviso prévio, meu causou o caos; e em alguns segundos eu tive que rever toda a minha história tendo você como protagonista dessa tragédia doce e cruel.
Onde é que eu estava enquanto você invadia a minha vida e tomava conta de mim? Onde foi que eu me perdi que não percebi que cada vez mais eu te engolia, te devorava e não te deixava ir embora?
Falamos coisas que não deveriam ser ditas, e fizemos coisas que só foram legitimadas no vão da nossa incompreesão, no abismo desse descompasso de sentir. E eu queria tanto, tanto, mas tanto, amor; que não pude ver que você se dissipava em gotas de ausência.
E ali, duas da manhã naquele inferno eu tive que suportar a sua suportabilidade, e tive que te conceber de outra forma, e dessa forma, minha vida; você já era um grande outro que me deixava sem chão, sem caminho algum a seguir. E naquele instante eu precisei tanto de você, que se você soubesse talvez nem se assustasse mais. Eu sei que já faz muito tempo e que uma enxurrada de acontecimentos atropelou a nossa esperança, mas me diz se já é tarde; me diz que já é tarde.
Luz, fumaça, som e álcool; e você ali. Corpos, copos, vidro, e você ainda ali. Vertigem, sono e saudade, e você ali. Vem pro meu lado, e deixa eu te contar as histórias que eu escrevi pra nós dois, acredita em mim, amor; e me diz que mesmo depois de tanto tempo, ainda há tempo.
Houve, haveria, haverá. Essa maré insiste em encher e você volta de repente, de ressaca, cansado e procura a minha paz, e tira a minha paz, e vai embora de novo. Fica mais um pouco, vou fazer um café e ouvir você dizer todas essas coisas sem valor; mas só espera eu tirar essa roupa molhada, ainda é cedo amor, e sim, eu tô morrendo de saudade.
Ontem eu passei em frente à sua casa e quis desesperadamente subir, bater na sua porta, invadir a sua casa e pedir pra que você me devolvesse tudo aquilo que um dia tão docemente eu te dei. Eu queria te dizer tanta coisa, meu amor. Queria mesmo era que você pudesse entender que não foi por você, foi por mim; e que se eu não tivesse te amado tanto, as coisas não teriam chegado a esse ponto.
Eu queria que você me dissesse em que momento do caminho a gente se separou, em que instante nós deixamos de ser nós. E como é que tanto sonho se despedaçou em saudade, onde foi que eu deslizei e me perdi no caminho que havia trilhado pra chegar até você; eu me perdi, amor.
Eu sinto tanta falta, e eu sei que já faz muito tempo, eu sei que ainda dá tempo. Mas agora já é tarde, já passam das 3 da manhã, e depois de muito tempo parada em frente ao seu prédio, eu resolvi ir embora. Resolvi deixar você pra trás, e me proporcionar o prazer de saber que pelo menos naquele instante eu fiz sim a coisa certa.
Ou não, talvez eu devesse ter entrado, te pedido desculpas pelas coisas que eu nunca fiz, só pra te ver sorrir mais uma vez, e ia te pedir pra dormir comigo mais uma vez, ou pra pelo menos ficar ali comigo até eu adormecer. Eu sei que pedindo com jeitinho, você não hesitaria.
Mas eu já cruzei a esquina, e já te deixei pra trás. Talvez na volta, quando eu passar aqui de novo, eu tenha coragem, talvez eu perca a vontade, talvez eu precise mais do que agora, talvez você já não esteja mais lá. Eu sei, eu sei, já está tarde e eu devo ir pra casa, e mais uma vez eu deixo perdido nos ralos isso tudo que não encontrou lugar pra repousar; e enquanto isso você faz festa dentro de mim, e vai passeando nas minhas fraquezas pra se certificar sempre que depois de você, os outros são os outros e só.
Tenho ouvido uma mesma música compulsivamente todos os dias: "Eu espero", da Luiza Possi.
"...vai sim, vai ser sempre assim;a sua falta vai me incomodar" E eu ainda não sei se o que me incomoda mais é a tua falta ou a tua presença. Eu sinto falta, amor; e espero. E te ver assim bem relapsamente em meio à multidão é desconcertante, é angustiante saber que ontem mesmo você estava ali, ao meu lado; saber que um dia você foi o meu plano, o meu referencial. E sem você eu tive que aprender a nascer de novo, e enxergar o mundo todo por uma perspectiva menos infantil.
E hoje o que é que eu faço com essa sua presença que me invade e não me pede permissão? O que é que eu faço com esse resquício de você que ainda está latente em mim, e que mesmo que eu quisesse, eu sei que você não vai embora. Tudo nessa casa lembra você, tudo nessa cidade lembra você. E nesse exacto momento eu penso em como é que eu me deixei guiar até você, em que instante eu resolvi que você seria aquilo que um dia você foi.
Ah minha vida, se você soubesse..mas já faz tanto tempo que não importa mais. Eu é que tenho que me haver com essa cratera imensa que se abre em mim quando você chega; ou então com o tanto de lembrança que eu preencho os espaços quando é de saudade que eu me alimento. Mas de uma forma ou de outra, ainda existe você, esse fantasma que não vai embora nunca. Como é que faço pra te mostrar a porta de saída dessa casa toda desenhada pra você?

sábado, 17 de outubro de 2009

Hoje eu pensei muito em você; e de uma forma bem peculiar. Hoje eu pude ver nitidamente como é que você me desvirtuou do meu caminho, e foi andando do teu lado que eu me perdi, e não pude perceber que andando do teu lado eu deixei você ir, e não percebi. Talvez tenha sido andando do teu lado mesmo, que eu não pude ver, que o tempo todo você estava do outro lado da rua. Mas eu quis tanto a tua presença, amor; que eu precisei que você estivesse ali, do meu lado.
E eu vi então uma história toda recortada, onde eu tive todo o cuidado de não deixar que nada se perdesse nesse turbilhão de amor, rancor e distância. Foi um tempo perdido, amor.
E eu não sei como voltar pra onde eu estava antes de você. Eu quis tanto acreditar nessa aventura, e não medi esforços para fazer de você um lugar seguro. E em toda a sua potência, eu podia finalmente repousar minha insegurança, podia solenemente te responsabilizar por mim, e te entregar sem medo nem nada toda a minha vida. E agora o que eu faço sem você?
Faz tanto tempo, e eu não sei por que você ainda permanece tão vivo em mim. E de todos, você não foi o melhor, e talvez se fosse em outras circunstâncias, eu nem tivesse te escolhido pra te amar. Mas tudo foi acontecendo e eu deixei as rédeas da minha vida e mergulhei numa fantasia toda nossa, mas você nunca esteve ali, meu amor. Como é que você pôde ir embora assim,?
Você chegou sem que eu pedisse e desmoronou tudo que havia sido construído antes de você. E agora eu preciso muito da minha vida, preciso muito não lembrar de tudo isso que eu não esqueço.
Mas eu sinto falta; e quando você puder, vê se volta.
e eu me pergunto o que é que eu tenho feito com a minha vida. Enclausurada em livros e música; encapsulada nesse berço esplêndido de poesia barata, de literatura moderna.
Eu queria mesmo era saber o que eu espero dessa vida que me deram; desse presente que eu não pedi, e que eu não canso de me deleitar, e de sorver cada minuto de ácida alegria, cada gota mágica de felicidade.
Realmente tenho pensado muito no que eu quero e no que eu poderia ser se quisesse menos; se eu não desejasse tanto, se essa lascívia de viver e de querer não me perturbasse tanto. Eu queria a paz dos dias calmos, o silêncio da casa da praia, o sol de fim de tarde do meu jardim. Mas eu vivo perambulando por aí procurando não me ver no rosto das faces alheias, voando alto, e sempre sem limite. Eu quero muito, e isso é pouco demais pra mim.
Ainda é cedo, e ainda tem muita noite pra atravessar em claro; ainda há muito o que escrever. Eu queria mesmo era não escrever, e ver como é que meu corpo suportaria tanto sentir. Queria saber o que é que as minhas mãos fariam se não massageassem as palavras; o que é que os meus olhos olhariam se não chorassem as frases.
Acho que estamos quase no verão, e geralmente faz aquele tempinho gostoso de sol no céu e ventinho gelado no rosto; o que passa a ligeira impressão de bem estar. E por detrás desse clima tão limpo, escondemos nossas fraquezas no dia-a-dia de cada dia; e nos esforçamos para não parecermos fracos demais, ingênuos demais, prolixos demais, humanos demais. E nos fantasiamos todos de gesso e concreto, e seguimos ilesos nosso caminho nessa vida podre sem poesia.
Ainda há tempo, eu sei que há. Eu quero tanta coisa da vida.. E mesmo que eu quisesse tanto assim, não posso me despir desse veludo quente que me protege desse zunido urbano; não posso me desapegar desse alter ego que me olha tão sisudamente do espelho.
O mundo é bão, Sebastião. É sim, eu sei que é; mas poesia, poesia meu bem, é só pra quem tem coragem de ir além.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Inevitável procurar saber da sua vida, clandestinamente tentar apreender qualquer informação sobre você. Saber como você vive sem mim faz com que eu não deixe a saudade passar.
Vi que você voltou a usar o anel que eu tanto gostava, e que deixou o cabelo crescer, como eu tanto pedia. Continua fumando, o que na verdade não me incomoda, nem nunca incomodou.
O que me incomoda é esse espaço imenso entre nós dois que não encurta em momentos como esses, em que eu faria tudo pra te ver de novo e te dizer pessoalmente tudo isso. Mas aí depois eu esqueço tudo isso, te dou um abraço forte e cheio de amor, e habitamos por algumas horas o mesmo ambiente, sem lembrar que um dia dividimos a mesma cama, a mesma casa, os mesmos segredos que jamais contaremos a ninguém.
Eu sei que em muitos aspectos eu falhei, e jamais o faria se não te amasse tanto. Sei também que você jamais compreenderá qualquer coisa que eu possa te dizer. Mas agora, enquanto te vejo todo seu do outro lado da rua, eu preciso segurar tua mão de novo e de ver em silêncio olhando para mim, sem encontrar palavras pra me ferir todinha de amor.
Talvez você pudesse de facto ser somento alguém do outro lado da rua, se você ainda não estivesse tão vivo dentro de mim. Latente, veemente. Mas eu fiz questão de te guardar, amor. Te guardar a sete chaves para que eu não me esqueça nunca que durante meses, eu fui sua. Toda sua, cada pedacinho de mim. Durante meses, você tentou não ser meu, e embora me desviasse o olhar e soltasse a minha mão e não me abraçasse no meio da noite; embora você tentasse parecer tão seu, você era demasiadamente meu para permanecer ali.
E assim como eu, era clandestinamente que você me pertencia, você não podia saber que era meu, e eu fingia que você de facto não era, só para não te desagradar. Mas toda noite eu dormia feliz por saber que mesmo que de canto de olho, você me olhou diferente, e me enviou um pouquinho de amor.
Mas agora, você é só uma saudade; materializado do outro lado da rua, com o cabelo crescido e o anel no dedo médio. E em segredo eu te direi, bem baixinho pra ninguém ouvir : eu sinto muito a sua falta, amor.