segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Inevitável procurar saber da sua vida, clandestinamente tentar apreender qualquer informação sobre você. Saber como você vive sem mim faz com que eu não deixe a saudade passar.
Vi que você voltou a usar o anel que eu tanto gostava, e que deixou o cabelo crescer, como eu tanto pedia. Continua fumando, o que na verdade não me incomoda, nem nunca incomodou.
O que me incomoda é esse espaço imenso entre nós dois que não encurta em momentos como esses, em que eu faria tudo pra te ver de novo e te dizer pessoalmente tudo isso. Mas aí depois eu esqueço tudo isso, te dou um abraço forte e cheio de amor, e habitamos por algumas horas o mesmo ambiente, sem lembrar que um dia dividimos a mesma cama, a mesma casa, os mesmos segredos que jamais contaremos a ninguém.
Eu sei que em muitos aspectos eu falhei, e jamais o faria se não te amasse tanto. Sei também que você jamais compreenderá qualquer coisa que eu possa te dizer. Mas agora, enquanto te vejo todo seu do outro lado da rua, eu preciso segurar tua mão de novo e de ver em silêncio olhando para mim, sem encontrar palavras pra me ferir todinha de amor.
Talvez você pudesse de facto ser somento alguém do outro lado da rua, se você ainda não estivesse tão vivo dentro de mim. Latente, veemente. Mas eu fiz questão de te guardar, amor. Te guardar a sete chaves para que eu não me esqueça nunca que durante meses, eu fui sua. Toda sua, cada pedacinho de mim. Durante meses, você tentou não ser meu, e embora me desviasse o olhar e soltasse a minha mão e não me abraçasse no meio da noite; embora você tentasse parecer tão seu, você era demasiadamente meu para permanecer ali.
E assim como eu, era clandestinamente que você me pertencia, você não podia saber que era meu, e eu fingia que você de facto não era, só para não te desagradar. Mas toda noite eu dormia feliz por saber que mesmo que de canto de olho, você me olhou diferente, e me enviou um pouquinho de amor.
Mas agora, você é só uma saudade; materializado do outro lado da rua, com o cabelo crescido e o anel no dedo médio. E em segredo eu te direi, bem baixinho pra ninguém ouvir : eu sinto muito a sua falta, amor.

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