quinta-feira, 28 de maio de 2009

Instantâneo e imediato;é o acto da espera.Esperar que venha a noite,para depois esperar novamente raiar o dia.Bonita essa dádiva humana a de não querer esperar,a vontade impetuosa de chegar o minuto seguinte,que logo se injeta na veia tornando-se ominutoanterior.Incrível a velocidade com que o presente se torna passado,e o futuro se distancia cada vez mais.E a verdade que brota invisível no asfalto quente toda vez que eu insisto em sair às ruas é que,se não fosse por escrever,eu estaria presa nesse minuto chamado angústia;o que de certa forma é uma coisa instigante.A angústia antecede o desejo,precede a vontade;e psicanaliticamente falando,nessa efemeridade dos signos,eu procuro uma certa concretude para o significado dos meus próprios significantes.No entanto,tem sido cada vez mais difícil deixar a certeza da minha racionalidade para trás,abrindo mão de caminhos tracejadamente certeiros em prol de uma estrada tortuosa e florida de acontecimentos novos e surpreendentes.Tenho dado chance ao tão desconhecido diadeamanhã,já durmo com a luz apagada e não tenho medo de dizer o que o coração me faz dizer,mesmo sabendo que o que eu digo diz muito mais do que aquilo que eu de facto pretendia.Amanhã;é o dia depois de hoje.E hoje é somente hoje;alheio aos erros do ontem e aos ensejos do amanhã.E agora enquanto eu escrevo tranquilamente palavras desconexas que delineiam uma crônica difusa e prolixa, já não preciso de lítio,alcool ou nicotina para aliviar aquilo que se encontra no vão entre a espera e o milagre;até porque não suportaria a espera,e não compreenderia a magnitude do milagre.Obstinada,inflexível e um pouco descrente;seria a personagem ideal.Boba e infantil,sou eu diante das coisas que me aparecem genuinamente bonitas nesses dias onde tudo conspira mistheriosamente,reticentimente,hesitantemente;sem destino certo,numa velocidade absurda que de repente se esvai.E no fim,me sobram flores murchas e a nostalgia da grama insuportavelmente verde,que me fazem ver que apesarde;ainda me resta um quase que sobretudo me é um supertudo.

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